Batom vermelho, olhos
borrados de lápis, blusa preta básica, salto, saia curta, jaqueta de couro e uma
lágrima disfarçada. Estava pronta! Para se divertir em um show, não é
necessário ser feliz, é necessário estar feliz. Nada que uma vodca não resolva.
Bebida quente que desce queimando e sobe em chamas. Garganta arde, estômago
embrulha, cabeça dói... Segundos desconfortáveis. Sorrisos. Gargalhadas. Corpo
mole. Música alta. Pessoas dançando. Ninguém olhando. Perfeito!
Foi necessário me dar um
tempo para poder sair do quarto, para abrir a janela e ver o sol queimar a
maldita graminha que nascia no passeio. Não era para nascer mato ali. Não era
para nascer nada onde não existia nada. Mas, criamos expectativas. E o matinho
ainda estava ali, nasceu ali. Esse tempo que me dei, foi essencial para poder
olhar em minha volta e ver o que estava perdendo, o que estava esquecendo.
Havia vida perto de mim,
havia esperança, havia amor. E no meio de tanta coisa que ‘‘havia’’, nada via.
Não existiam pessoas, olhares, perguntas. Não existiam personagens, cenários,
sons. Nada existia. Nada havia. Hoje há tudo.
O tempo que me dei, fez com
que eu descansasse do som do carro lá fora, da voz irritante de quem diziam ser meus amigos, de ruídos no geral. Esse tempo livre para mim mesma me
proporcionou mais tempo para tudo aquilo que amava e antes não enxergava. Esse
tempo em que permiti a me acalmar, acabei calma, acabei com a alma. E ressurgi
das cinzas, nova e inteira. Voltei para ficar.
Hoje à noite me pertence.
É minha por direito e ninguém muda isso. Todas as noites são aliás. São suas. É nossa! O tempo que me dei, me deu tanta coisa, principalmente, eu mesma. Me sinto completa, preenchida, mas não perfeita. Ninguém é! Mesmo devendo ser...
Lady Di
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