Ele estava sentado na mesma mesa de sempre. Vestido com aquela velha camiseta branca, com aquela calça jeans clara desbotada e com seu all star preto, dando mais charme para seu visual desleixado. Sentei ao lado, com meu sorriso discreto de sempre e com o olhar dominador, ele me correspondeu. O estilo Raul fazia meu coração vibrar, ele sabia essas consequências. Ele não tinha as melhores qualidades do mundo, mas tinha o sorriso. Ah, o meu sorriso! Ele me olhava com aqueles olhos apertados, tentando me desvendar. Ele sempre me descobria, sempre me lia. Fiquei brava por não conseguir mentir, nunca soube, aliás. Então, do nada as palavras foram surgindo de sua boca. Ele falava da vida, dos filósofos, falava do universo em geral e de coisas banais do nosso cotidiano. Falava tantas coisas, que o significado das letras ficaram misturadas entre palavras que pudessem descrever quem era você!? Em silêncio permaneci. Acho que ele não percebeu. E no meio de uma palavra e outra, um beijo ganhei. O meu beijo me fez lembrar das palavras e entender o que ele queria tanto me dizer, onde queria chegar. E chegou exatamente onde eu queria estar, onde nenhuma palavra era dita, mas consequentemente estavam lá.
Lady Di
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